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18-01-2006

O tempo parece ter parado no Corgo de Baixo


Reconstrução do Corgo de Baixo não está ameaçada

O tempo parece ter parado no Corgo de Baixo, na freguesia de Avelãs de Cima. Embora já não se note o cheiro a queimado, as encostas calcinadas e a floresta consumida pelas chamas, dificultam a árdua tarefa de apagar da memória a trágica madrugada de domingo, dia 18 de Setembro de 2005.

Aos poucos

Aos poucos - já lá vão quatro meses - os alicerces das três das cinco casas, destruídas pela fúria das chamas, começam a erguer-se, indicando que uma nova vida (re)começa, lentamente, mas de uma forma determinada e corajosa.

As novas paredes erguem-se do chão e, tal como uma “lufada de ar fresco”, dão ânimo e esperança às três famílias (14 pessoas, das quais quatro crianças) que tudo perderam naquela fatídica madrugada de 18 de Setembro de 2005, quando um mar de chamas lhes entrou pela a aldeia adentro e tudo lhes roubou - roupas, comida, gado, animais de companhia, objectos e pertences pessoais, enfim, memórias de uma vida construída humildemente na serra.

O fogo, que tudo lhes levou, não conseguiu vergar esta gente serrana, nem levar-lhes a dignidade, a honra, o brio e o ânimo. Com uma força interior surpreendente, embora abatida e em baixo pela tragédia que a atingiu, não cruzou os braços e logo no dia seguinte meteu mãos à obra para reconstruir esta pequena aldeia do concelho de Anadia.

Conta bancária praticamente a zero

Na última semana, acompanhámos o autarca, Armando Pereira, numa das suas visitas diárias às obras, que acompanha desde Outubro, altura em que a reconstrução começou. Neste momento, renascem das cinzas três novas habitações que todos anseiam inaugurar até ao final do Verão, mas, à medida que o tempo vai passando, a verdade é que fica mais difícil continuar a mobilizar a enorme onda de solidariedade que, na altura, se formou em torno desta causa - reconstrução da povoação.

A JB o autarca Armando Pereira confessou temer pelo futuro da reconstrução do Corgo, uma vez que, neste momento, a conta bancária aberta pela autarquia “Incêndio-Corgo” se encontra praticamente a zero: “o Gabinete de Contabilidade informou-me que a conta está a bater no fundo, uma vez que, até ao momento, todos os encargos com a mão-de-obra têm sido suportados por essa conta, muito embora, até à data, a Câmara Municipal de Anadia não tenha faltado com nada, aliás, tem sido responsável por todo o trabalho que aqui está, ao disponibilizar técnicos, recursos humanos e materiais atempadamente para a obra”. Neste esforço, sem precedentes, “é preciso que se diga também que muitas empresas e empresários, ligados à construção civil, têm respondido, de uma forma generosa, às solicitações, fornecendo muito tijolo, cimento, areias, telha e vigas gratuitamente para a reconstrução do Corgo”, acrescentou o autarca Armando Pereira, reconhecendo, no entanto, que as “ajudas” e “facilidades” começam a faltar.

Embora a Câmara Municipal de Anadia tenha assumido, desde a primeira hora, a reconstrução do Corgo, no terreno, tem sido a Junta de Freguesia - em estreita ligação com a edilidade - a coordenadora dos trabalhos. Aliás, tem sido através da conta-solidariedade “Incêndio-Corgo” da Junta de Freguesia que têm conseguido suportado os encargos com os vencimentos das duas equipas (sete homens) que trabalham, de sol a sol, na reconstrução das três habitações tipo T2.

Neste momento, Armando Pereira, que se vê confrontado com a falta de verba na conta, que recebeu inúmeras dádivas, admite ter de ser a Câmara Municipal a assumir a responsabilidade por inteiro, uma vez que a Junta de Freguesia tem uma grande limitação orçamental e não pode chamar a si esta responsabilidade, muito embora tenha desabafado que, na sua opinião, “a melhor forma de dar continuidade à obra, seria a Câmara Municipal continuar a transferir verba para a conta “Incêndio-Corgo” para que os trabalhos não parem e para que não falte dinheiro, no final do mês, para pagar aos homens”.

Segundo o autarca de Avelãs de Cima será “o processo mais fácil, lógico e simples, para todos”, uma vez que “a Junta de Freguesia está, desde a primeira hora, a acompanhar a reconstrução e, no terreno, sabe o que tem e como deve fazer as coisas”.

Apoio financeiro excepcional

Soubemos de fonte camarária que a edilidade tem estado a envidar esforços no sentido de reunir mais ajudas para a reconstrução do Corgo, nomeadamente através de uma candidatura apresentada no Governo Civil de Aveiro ao Instituto Nacional da Habitação, referente à Resolução do Conselho de Ministros nº 160/2005 (PROHABITA) que visa dar resposta adequada aos casos mais graves de carência habitacional, resultantes dos incêndios que assolaram o país, designadamente mediante a concessão de apoio financeiro excepcional aos agregados familiares que se encontram em situações de alojamento temporário ou precário decorrente da destruição total ou parcial das suas habitações. Uma medida que visa garantir que os agregados familiares, que se encontrem nas situações descritas, tenham acesso a uma comparticipação a fundo perdido no valor máximo de 12.500 euros, como forma de criar as condições necessárias à célere e efectiva reconstrução das suas habitações próprias permanentes.

Embora ainda não haja qualquer confirmação relativa ao deferimento desta candidatura, o autarca, Litério Marques, garantiu ao nosso jornal que a reconstrução não está ameaçada por falta de verbas, confirmando que a Câmara Municipal não irá permitir que a obra pare ou sofra atrasos relativamente às datas previstas para a conclusão das obras e entrega das casas aos moradores.

Acrescente-se ainda que uma das últimas ajudas ficou a dever-se a Manuel Veiga, presidente de uma associação local que, ao ter conhecimento de um subsídio a atribuir pela Fundação Calouste Gulbenkian às famílias vitimadas pelos incêndios ajudou as seis famílias atingidas na freguesia a apresentarem candidaturas. A concessão do subsídio às três famílias do Corgo de Baixo, duas do Pardieiro e uma de Boialvo, cujo valor que atingiu os 26.500 euros, dividido pelas seis candidaturas apresentadas, visa subsidiar a aquisição de tractores, motoserras e alfaias agrícolas perdidas nos incêndios de 2005.

A família mais contemplada recebeu 9500 euros e o subsídio mais pequeno foi de mil euros, tendo em conta os prejuízos apresentados por cada agregado familiar.

Catarina Cerca


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